Uma das deusas mais adoradas na Grécia durante a
Antiguidade Clássica foi Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Os cultos
dedicados a essa personagem da mitologia eram realizados principalmente em
Pafos, Atenas e Corinto. As primeiras histórias sobre Afrodite provavelmente
começaram a ser contadas na ilha de Citera, um entreposto comercial e cultural
entre Creta e o Peloponeso. A ilha era um local por onde passava um número
enorme de pessoas, que, após deixarem a ilha e irem para outras partes da
Grécia, levavam consigo o conhecimento do mito de Afrodite e o espalhavam pelas
diversas regiões gregas.
Aos poucos, a fama de Afrodite foi crescendo, fazendo com
que ela se tornasse uma das principais deusas do panteão grego. Ela também é
conhecida na mitologia romana, mas sob o nome de Vênus. Por ser tão adorada durante
a Antiguidade, Afrodite acabou sendo representada de diversas maneiras em obras
de arte. Ela é retratada em pinturas, esculturas e, muitas vezes, são feitas
citações sobre ela em inúmeros livros.
Anos
depois do auge dos cultos a Afrodite, a história da deusa continuava sendo
conhecida em grande parte do mundo. Ela era tão conhecida que Sandro
Botticelli, um famoso pintor italiano da época do Renascimento, resolveu
ressaltar a presença de Afrodite em suas telas. Seus quadros mais famosos são O Nascimento de Vênus, A Primavera e Vênus e Marte, todos eles tendo a deusa como tema central. No
Renascimento, o principal foco dos pintores eram temáticas relacionadas à
Bíblia. No entanto, Botticelli resolveu quebrar um pouco esse enfoque cristão,
pintando quadros cheios de símbolos pagãos. É claro que, como todos os outros
artistas renascentistas, Botticelli também pintou telas com alguns temas
bíblicos; mas foram os seus quadros de Afrodite que deram a ele a fama de ser
considerado hoje um dos melhores pintores do Renascimento.
O Nascimento de Vênus |
A
foto do quadro O Nascimento de Vênus
está presente em quase todos os livros de história que falam sobre as obras
renascentistas. Apesar de a deusa ser referida como “Vênus” no nome dessa tela,
ela é exatamente a mesma personagem mitológica conhecida como “Afrodite”.
Botticelli utilizou o nome Vênus apenas porque ele era italiano e, na cultura
romana, a deusa era conhecida dessa maneira. O quadro foi pintado por volta do
ano de 1485 e hoje está exposto na Galleria degli Uffizi, em Florença.
O Nascimento de Vênus retrata
o momento em que Afrodite nasceu. Segundo a lenda, o deus Cronos cortou os
testículos de seu pai, Urano, e os lançou ao mar. Formou-se então uma grande
espuma dos testículos amputados de Urano e, a partir dessa espuma, surgiu
Afrodite, a mais bela de todas as deusas. Na antiguidade clássica, a concha do
mar era uma metáfora para vagina; e é exatamente em cima de uma concha que a
deusa se encontra na imagem do quadro, sendo empurrada até uma ilha pelos
sopros de Zéfiro, o deus alado do vento do oeste, e por Clóris, a ninfa companheira
de Zéfiro. Na costa da ilha, aparece uma das Horas, que eram consideradas as
deusas das estações, esperando por Afrodite para cobri-la com um manto. A
figura da deusa encontra-se no centro da tela, perfeitamente equilibrada, e ela
pode ser vista como a manifestação física de uma beleza divina e perfeita.
A Primavera |
Outro
quadro muito famoso de Sandro Botticelli que retrata Afrodite é A Primavera. A tela mostra a chegada
dessa estação, com a figura da deusa novamente no centro da imagem. No canto
esquerdo do quadro, encontra-se o deus Hermes, que segura um pequeno pedaço de
madeira com o qual aponta para o céu, dissipando as nuvens do inverno. No canto
direito, surgem Zéfiro e Clóris (os mesmos personagens mitológicos que aparecem
na tela O Nascimento de Vênus). Ao
lado deles está Flora, que retira flores do seu vestido e as atira no chão,
tentando tornar o mundo mais belo e florido. O deus grego Eros, ou Cupido para
os romanos, aparece voando na tela apontando sua flecha para as três Graças,
símbolos do encantamento, da beleza, da natureza, da criatividade humana e da
fertilidade da dança. Mas a figura que mais chama atenção no quadro é a deusa
Afrodite, posicionada no centro entre todos os outros personagens, com a mão
direita levemente erguida como se estivesse abençoando a chegada da primavera.
Ela está ali para avivar os campos e iniciar uma nova estação do ano ao semear
flores e beleza.
Vênus e Marte |
De
acordo com a mitologia grega, Afrodite foi obrigada a se casar com o deus
Hefesto. No entanto, Afrodite não o amava e acabou por traí-lo com diversos
outros deuses e homens mortais. O seu amante mais famoso foi Ares (ou Marte na
mitologia romana), deus da guerra. Na tela de Botticelli intitulada Vênus e Marte, é apresentado o momento
de descanso dos dois deuses após o ato do amor. O fato de Afrodite estar
acordada e Ares estar dormindo seria uma espécie de metáfora para simbolizar
que o amor (Afrodite) vence a guerra (Ares), ou seja, o amor se sobrepõe à
guerra, fazendo com que exista uma paz harmoniosa. Atrás dos amantes estão
alguns sátiros, entidades com os corpos metade humano e metade de bode. Eles
estão brincando com a armadura e a lança de Ares enquanto ele dorme como se
zombassem do deus, reforçando a ideia de que a guerra não é forte o bastante
perto do amor.
As
imagens de Afrodite nesses três quadros de Sandro Botticelli mostram a
importância que a deusa possui dentro da mitologia grega. Ela era umas
principais deusas olímpicas e, por ser tão importante, foi a figura mitológica
mais representada nas artes. A lenda de Afrodite vai muito além de um simples
mito; na verdade, o significado da história da deusa é capaz de refletir toda uma
cultura da época da Antiguidade Clássica.
Fontes:
Ok pessoal, continuem postando, está muito bom. Podem falar mais sobre alguns outros personagens míticos.
ResponderExcluirque massa
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